Sistema Integrado de Produção: Pecuária, Lavoura e Floresta, funciona?

“Estima-se que no Brasil existam cerca de 100 milhões de hectares de pastagens que apresentam algum grau de degradação, além disso, mais da metade do desmatamento no território brasileiro é realizada para a implantação de atividades agrícolas como a soja e o milho” (fonte: Felipe Yatabe – Globo Rural).

“A maior dificuldade que o produtor florestal enfrenta é a manutenção dos maciços florestais, havendo alto investimento inicial com retorno econômico que demorará anos” (fonte: Embrapa milho e sorgo).

Vemos acima duas citações de atividades relacionadas à pecuária, agricultura e floresta, mas o que essas citações têm em comum? Primeiramente podemos dizer que as três atividades, quando realizadas de maneira incorreta, provocam graves danos ao meio ambiente, além disso, até pouco tempo atrás a monocultura gerava a rentabilidade esperada, porém hoje essa rentabilidade vem decaindo gradativamente.

Agregada a essa baixa rentabilidade, a monocultura tende a trazer menor qualidade e degradação do solo, com menor disponibilidade de nutrientes e uso excessivo de agrotóxicos, culminando redução da produtividade. Então, como resolver esse problema?

Invista em sistemas que sejam econômicos, intensivos e sustentáveis

Nos últimos anos, a busca por sistemas agropecuários que sejam ao mesmo tempo econômicos, que gerem produtividade e sejam sustentáveis tem aumentado. O sistema que muito produtor vem utilizando visa realizar as três atividades na mesma área, para ele damos o nome de Sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta.

O que são sistemas integrados Lavoura-Pecuária-Floresta?

A principal proposta do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta é juntar estas três atividades na mesma área objetivando maior produtividade e lucratividade. Essa tecnologia consiste na diversificação e integração dos diferentes sistemas agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, em consórcio, em sucessão ou rotação, trazendo benefícios para todas as atividades.

A tecnologia da integração permitirá que a propriedade tenha até quatro safras por ano na mesma área: soja, milho, pasto e gado e a cada ciclo de seis ou sete anos o produtor poderá retirar da área uma safra de madeira.

Quais as principais vantagens deste sistema?

As vantagens da ILPF consideram benefícios da lavoura para a pecuária e vice-versa, além das vantagens da floresta para ambas as culturas.

Tal sistema de integração funciona como alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, utilizando-se da lavoura para cobrir os custos de preparo da área e aquisição dos corretivos e fertilizantes, ficando o pecuarista com a pastagem recuperada. Além do mais, ao usar a lavoura, o pecuarista tem a opção de, após a colheita, ensilar o material ou conserva-lo na forma de feno, garantindo que os animais tenham uma boa alimentação no período da seca.

Já a pecuária irá eliminar plantas daninhas da área, além de reciclar os nutrientes (extraídos de camadas profundas pelo sistema radicular das pastagens) e promover o retorno de matéria orgânica ao solo, tudo em beneficio da lavoura.

O sistema ILPF também irá explorar o solo e a mão de obra durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, diversificando a atividade e gerando renda para os colaboradores por mais tempo. Isso garante estabilidade da renda, uma vez que o produtor não fica dependente das condições favoráveis de mercado ou sujeito a problemas climáticos de apenas um produto.

Por fim, o sistema otimiza a utilização de máquinas, equipamentos e insumos no decorrer do ano. As máquinas que no período da safra são utilizadas na manutenção das lavouras serão utilizadas nas atividades pecuárias durante a entressafra.

E desvantagens? Existem?

Não há graves desvantagens, o que o produtor rural enfrenta são as dificuldades iniciais de implantação destes sistemas. As dificuldades encontradas para quem pretende iniciar sistemas de integração relacionam-se com a falta de conhecimento técnico e a necessidade de melhor planejamento.

Sistema conservador x Sistema inovador

Por ser um sistema que altera de maneira significativa o processo produtivo, a implantação da ILPF ainda enfrenta dificuldades, principalmente em propriedades familiares. Na estrutura familiar tradicional, o chefe da propriedade tende a ser conservador e contrário a novidades tecnológicas, o produtor mais jovem (muitas vezes filho do proprietário) tende de ser mais adepto de inovações.

Esta relação pode, inicialmente, ser um complicador para que implantação dos sistemas integrados tenha sucesso. O conservador pode achar que não funcionará ou que não tem capital para investimento, mas ele tem um diferencial: é experiente na sua área de atuação. O inovador terá toda a energia para buscar alternativas para agregar produtividade à área da propriedade, além de tentar realizar parcerias com profissionais que terão a experiência necessária na outra atividade, seja ela lavoura, pecuária ou floresta.

Neste contexto, a sucessão familiar torna-se bastante significativa, pois na sucessão a relação pai/filho tende a  aflorar, onde o pai dará toda a sua confiança ao filho para conduzir os negócios (mas sempre terá certo receio). O filho, por sua vez, pretenderá inserir sistemas integrados objetivando maior produtividade e lucratividade, ganhando, aos poucos a confiança de seu tutor.

Portanto, não deve existir a concorrência conservador/inovador, ambos devem acrescentar para que o sistema integrado a ser utilizado tenha o sucesso esperado.

Como já citado, é cada vez mais importante que o sistema produtivo seja diversificado e novas atividades possam ser inseridas na mesma área, o uso de sistemas integrados pode ser um grande diferencial neste contexto. Se bem planejado e conduzido, este sistema funcionará muito bem e irá gerar significativo aumento na produtividade e menor risco na perda de eficiência.

Você já pensou em utilizar um sistema integrado? Conte para gente através dos comentários se você se sente seguro com esta opção!

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